quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Thin Lizzy, parte II

No primeiro post sobre a banda irlandesa Thin Lizzy, contei o começo da história, mostrando o duro começo da carreira da banda, que anos mais tarde seria reconhecida como uma das pioneiras do uso de dual lead guitars no rock 'n' roll. Ah, as respostas para as questões do final do primeiro post: eles não tocaram no Maracanã, Eric Bell continuou enrustido, e Wrixon até hoje luta contra seu vício pela farofa.
O início do reconhecimento do Thin Lizzy se deu com o lançamento do single "Whisky in the Jar", uma música tradicional (folclore) da cachaça irlandesa que o Lizzy tocava nos ensaios e em algumas sessões de estúdio para descontrair. Alguém (provavelmente algum executivo da Decca) ouviu a banda tocar a música, e logo os integrantes se viram obrigados a lançar  a mesma como um single, mesmo contra a vontade deles.
Capa do single
Além de não terem perdido o contrato com a Decca, o single foi um sucesso, atingindo a primeira colocação na Emerald Isle (Irlanda para os sem cultura) e um surpreendente sexto lugar no Reino Unido, além de algumas outras boas colocações ao redor da Europa, levando a banda a tocar no Top of the fucking Tops, biatch! Um fato curioso é que de birra, Phil quis logo lançar um novo single, "Randolph's Tango", extremamente obscuro e no melhor e mais clássico estilo Lynott: uma composição fudidamente excelente que só fez sucesso na Irlanda. O azar do Lizzy foi não ter conseguido emplacar mais nenhum single de sucesso na Inglaterra enquanto "Whisky" estava bombando. Apesar disso, a Decca se deu por satisfeita, disponibilizando mais tempo e dinheiro para o trio compor e gravar um novo álbum. Vagabonds of the Western World foi lançado em 1973, e foi o primeiro grande disco do Thin Lizzy, sendo até hoje cultuado tanto pela crítica quanto pelos "supporters" da banda (Phil Lynott não chamava seus fãs de fãs, e sim de supporters, então vamos respeitar o rapaz). O LP continha algo que os discos anteriores não tinha: consistência e várias músicas com potencial para se tornarem clássicos. Canções como "Mama Nature Said", "Vagabond of the Western World", "Little Girl in Bloom", além da obra prima "A Song for While I'm Away" e da fúria guitarrística do single "The Rocker" (que só vendeu bem na Irlanda, como de costume) embalavam o disco, que em alguns países como Alemanha saiu com uma faixa bônus: a já conhecida "Whisky in the Jar". O grande erro do terceiro álbum foi ele não conter o single de maior sucesso em todas as suas prensagens, o que com certeza alavancaria as vendas. Não aguentando mais compor, compor e compor e se esforçar sem receber o devido reconhecimento, Eric Bell, a essa altura do campeonato um tremendo pé de cana, resolve largar a banda na virada de '73-'74. Para seu lugar, Phil chama um jovem que no futuro se tornaria um dos maiores guitarristas do mundo, um rapaz da Irlanda do Norte chamado Gary Moore. Com Moore na guitarra a banda consegue terminar a turnê, e também grava algumas músicas, incluindo a magnífica "Little Darling", lançada como single em abril de 1974. Gary, como se tornaria de praxe em todas as suas outras estadias com o Thin Lizzy, acaba se desentendendo com Lynott e sai rapidamente da banda, mostrando que é um puta fanfarrão safado. O contrato com a Decca acaba, e a banda se vê com a faca entre os dentes, principalmente quando o baterista Brian Downey, num ataque maníaco-depressivo resolve armar uma grande pegadinha do malandro, entrando e saindo da banda. Após esse fuzuê, Phil propõe uma grande mudança no som da banda: dois guitarristas. Os escolhidos foram Andy Gee e John Cann (ex-Atomic Rooster). Mas Cann era muito estrelinha e saia no tapa com Lynott a todo momento, e sai da banda junto com Andy. Após tentativas frustradas, o Lizzy consegue dois novos guitarristas de qualidade: o americano Scott Gorham (que ficaria até o final da carreira da banda) e o "baby" escocês Brian Robertson. As coisas pareciam tomar novos rumos: um novo contrato é assinado pela banda, agora com a Phonogram (selo Vertigo).
Gorham, Downey, Lynott e Robertson: quarteto parada dura na foto do LP Nightlife
Logo de início, a nova banda se mostrava muito entrosada, e rapidamente compôs um novo álbum, entitulado Nightlife, lançado ainda em 1974, e que apesar de ter falhado em conseguir entrar nas paradas britânicas, mostrou em parte a nova proposta da banda, ainda que o disco tenha sido produzido e levado a diante de maneira muito leve. Mas se Nightlife foi um disco soft, em 1975 as coisas mudaram, quando a banda resolveu virar algo extremamente foda. Algo extremamente hard rock. Com o quinto álbum, nomeado Fighting, o grupo irlandês finalmente consegue emplacar uma relativamente satisfatória 60ª posição na Inglaterra. O disco é extremamente fundamental na discografia da banda, contando com excelentes trabalhos de guitarra, especialmente nas faixas "Suicide", "For Those Who Love to Live", "Wild One" e "Freedom Song", que acabaram por mostrar totalmente o novo som da banda: duas guitarras duelando, solando juntas, ou se completando em perfeita harmonia. O cover de "Rosalie", música obscura de Bob Seger incluida no lançamento acabou por se tornar um clássico obrigatório no catálogo do grupo. É, rapaz, as coisas finalmente davam certo para os rapazes de Dublin, que agora tinham dinheiro para beber em lugares mais sofisticados, como o famigerado Dona Ofélia's Bar, finalmente largando as noites de bebedeira fiada no Pub do Bigode. Alguém da Phonogram sugeriu que Lynott deveria compor alguma música "mais americana", para que a banda finalmente emplacasse nas paradas da terra do Elvis. Para o novo disco Jailbreak, de 1976, Philip se esforçou para fazer canções americanizadas, até que uma música chamada "G.I. Joe is Back" apareceu na sua cabeça cheia de produtos químicos, baseada nos jovens soldados americanos que voltavam do Vietnã procurando alguma diversão em suas cidades natais. O título da música mudou várias vezes, mas Phil só tinha uma certeza: de que deveria lançar ela. Em um belo dia de muito sol, pássaros voltando da migração atacam Lynott, que após se livrar das aves grita: the fucking birds are back in town to annoy me. Essa frase (que é uma brincadeira, queridos amiguinhos) acabou evoluindo para o hoje mundialmente conhecido refrão de "The Boys are Back in Town", que acabou se tornando um single de sucesso mundial, alcançando a oitava colocação nas paradas da Bloody England, primeiro lugar em Éire (outro nome para Irlanda, anotem) e uma excelente décima segunda posição nas paradas da terra do Mickey Mouse.
Phil, fantasiado de pagodeiro, brinda o sucesso de "The Boys are Back in Town"
Jailbreak foi um marco, quando Lynott atinge sua melhor forma como compositor e as guitarras se fundem perfeitamente em canções como "Angel from the Coast", "Warriors", "Cowboy Song" e "Emerald". O disco é considerado fundamental na vida de Steve Harris do Iron Maiden, que sempre o cita com lágrimas nos olhos. E ele não é o único: Jailbreak foi um dos álbuns mais importantes e influentes da história do hard rock e heavy metal em geral.
No próximo post, trarei a terceira e última parte da história dessa gloriosa banda. Stay tuned!

-Thithi

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